sábado, 25 de julho de 2009

fotos by Rubens Cerqueira

Gisa Gutervil e Robson Catalunha
Luísa Valente e Ruy Andrade








Carolina Angrisani




Fotos by Rubens Cerqueira

Carolina Angrisani e Andressa Cabral
Andressa Cabral e Marta Baião

Eduardo Prado e Diogo Moura


Henrique Mello, Samira Locker e Andressa Cabral




Samira Locker e Andressa Cabral



fotos by Rubens Cerqueira

Andressa Cabral
Diogo Moura e Gisa Gutervil


Andressa Cabral


Ruy Andrade, Andressa Cabral e Gisa Gutervil



Diogo Moura



Foto By Rubens Cerqueira

Carolina Angrisani
Tiago Martelli

Antonio Carlos Campoes e Diogo Moura


Luana Tanaka e Ruy Andrade




Henrique Mello



By Rubens Cerqueira

Andressa Cabral

Diogo Moura


Robson Catalunha, Marta Baião e Luana Tanaka


Erika Forlin e Andressa Cabral



Carolina Angrisani



quarta-feira, 22 de abril de 2009

"JUSTINE"
A estreia de "Justine", ontem, reuniu uma moçada bacana no Satyros Dois. O espetáculo veio ao mundo pleno, impressionantemente belo. Apareçam pra conferir um dos melhores momentos do Satyros.

Escrito por Ivam Cabral às 12h37[ (0) Comente] [ envie esta mensagem ] [ ]
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21/04/2009 NA FOLHA DE HOJE
Satyros estreia Sade "menos punk" e fecha série libertina Montagem de "Justine" comemora 20 anos da cia.AUDREY FURLANETODA REPORTAGEM LOCAL Trata-se de um espetáculo sobre "os maus que prosperam, os bons que fracassam", anuncia uma moça sentada ao fundo do palco do Espaço dos Satyros. Ela continua, agora apontando para uma loira: "Justine, virtuosa, nossa infeliz protagonista". E, por fim, mostra a "sacerdotisa de Vênus", Juliette.Abandonadas pelo pai e órfãs de mãe, são expulsas do convento e precisam sobreviver sozinhas. Juliette entra para um bordel. Justine tenta seguir virtuosa. E fracassa. É o ponto de vista dela, a vítima, que Marquês de Sade explora em "Justine", que encerra a trilogia libertina do grupo Os Satyros.O espetáculo que estreia hoje ficará em cartaz ao lado de "Os 120 Dias de Sodoma" e "A Filosofia na Alcova", que o diretor Rodolfo Garcia Vázquez, 47, montou em 1990 com o ator e dramaturgo Ivam Cabral. "Éramos revoltados. Hoje, somos mais maduros. Se tem uma vantagem de envelhecer, é essa, não é?", diz o diretor. Para ele, "Justine" reflete essa maturidade: é a "menos punk" das três, "evita o realismo excessivo" e tem elementos da experiência de 20 anos do grupo. "As outras [peças] se passam em ambientes fechados, controlados por libertinos. "Justine" mostra a vítima circulando pelo mundo."
JUSTINE Quando: ter. e qua., às 21h Onde: Espaço dos Satyros 2 (pça. Roosevelt, 134, tel. 3258-6345, R$ 30, não indicado a menores de 18 anos)Fonte: Folha de S. Paulo, 21 de abril de 2009

O estado de São Paulo



Leia a matéria sobre a estréia de "Justine" no Satyros



Satyros faz aniversário com Sade




Grupo celebra 20 anos encenando Justine cheia de boas soluções cênicas




Por Beth Néspoli




Para chegar à sala teatral do Espaço dos Satyros 2, na Praça Roosevelt, o espectador percorre até o fim o corredor de entrada, desce uma escada circular, chega a um saguão na penumbra, depois desce outro lance de escada até acomodar-se nas arquibancadas da sala pequena de 50 lugares. Nesse porão já funcionou a ruidosa boate Cais e talvez isso justifique a arquitetura inusitada do palco, com seus mezaninos e plataformas em diferentes níveis de altura e distribuição irregular pelo espaço.






Não podia ser mais pertinente encenar nessa geografia que faz pleno jus ao nome underground um espetáculo como Justine, baseado no romance homônimo do Marquês de Sade (1740-1814), autor considerado maldito, cujos livros, durante sua vida e mesmo muitos anos depois de sua morte, foram censurados, sempre publicados clandestinamente. "Talvez nenhum outro escritor tenha suscitado tantos mal-entendidos, especulações, preconceitos e equívocos", escreveu em artigo no Estado Eliane Robert Moraes, uma das mais respeitadas especialistas em sua obra.


Justine estreia amanhã encerrando a trilogia libertina dos Satyros, iniciada com A Filosofia na Alcova e 120 Dias de Sodoma, ambas ainda em cartaz na sede do grupo, na Praça Roosevelt. O Estado publicou em 2003 uma crítica sobre a primeira montagem na qual ressalta como mérito do grupo não "temer as ideias de Sade, mas também não se deixar seduzir por elas". Sade foi contemporâneo de Rousseau (1712-1778), cujo pensamento de que o homem era bom por natureza e a sociedade o corrompia era o inverso das ideias que defendia como libertino. Para ele, egoísmo, volúpia, luxúria e crime eram impulsos naturais e o homem só seria feliz dando plena vazão a eles.


"O que tem o Sade que toca tanto a gente? A Filosofia na Alcova pode-se dizer que está há 20 anos em cartaz", diz o diretor Rodolfo García Vázquez. A primeira fundação dos Satyros feita na parceria entre o ator e dramaturgo Ivam Cabral e o diretor Vázquez foi em São Paulo, em 1989, num teatro na Major Diogo, vizinho ao TBC. Ali eles encenaram Sade ou Noites com os Professores Imorais, a primeira montagem baseada em A Filosofia na Alcova. "Na época, o que nos impulsionava era a rebeldia", diz Vázquez.


"Tínhamos acabado de fundar os Satyros e veio o período Collor. O teatro não tinha qualquer apoio. Na época, uma amiga mostrou o romance e disse: ?Duvido vocês encenarem este livro.? Por imaturidade e ingenuidade, a gente aceitou o desafio." Por conta do misto de escândalo e sucesso, três anos depois eles foram convidados para viajar a Portugal, e por lá acabaram ficando por cinco anos. Em meados de 90 voltaram para o Brasil e instalaram sua sede em Curitiba. Voltaram a Sade, fizeram outras adaptações consideradas difíceis, como Salomé e Contos de Maldoror, de Lautréamont. Em dezembro de 2000 abriram nova sede na Praça Roosevelt, onde estreou 120 Dias de Sodoma.


Agora eles voltam a Sade para celebrar o aniversário de 20 anos dos Satyros. Desta vez, não é ?apenas? a rebeldia que os move. "Já fizemos dois romances, não queríamos repetir fórmulas. Estudamos a obra com afinco, foram nove meses de ensaios", diz Vázquez. "Tenho muito respeito por esses atores, porque numa sala de 50 lugares e um elenco de 20 atores todos já sabem de antemão que não vão ganhar dinheiro, mesmo que o espetáculo lote todas as noites. E não temos qualquer patrocínio ou apoio, eles ensaiaram sem ganhar nada.


"Ao contrário do que ocorre em A Filosofia na Alcova ou 120 Dias de Sodoma, Sade explora o ponto de vista da vítima, e não do libertino, a partir do contraponto entre as irmãs, Justine e Juliette. Órfãs na adolescência, expulsas do colégio interno por falta de dinheiro, desamparadas, tomam caminhos opostos. Juliette entra para um bordel, depois casa-se e mata o marido; viúva rica, leva vida de libertina, mas mantém a aparência de senhora da sociedade. Justine rejeita tal caminho e sofre as mais diversas agruras, sempre submetida ao caprichos dos ricos, moralistas na aparências, pervertidos na essência.


"Buscamos problematizar as questões da peça, que são muito atuais", explica Vázquez. "De que adianta seguir princípios morais se a sociedade não é regida por eles? O que leva um sujeito que ganha R$ 800 por mês a não se rebelar contra o patrão que o trata mal? Ou contra o político que desvia o dinheiro dos impostos? Ficamos impressionados porque o casal de sovinas trata Justine como coisa o tempo todo. Mas é muito diferente a nossa classe média, quando diz ?essa gente? para falar de empregadas ou porteiros?


"A julgar pelo ensaio acompanhado pelo Estado, a encenação de Justine é reveladora da experiência acumulada. É plena de soluções surpreendentes, algumas brilhantes, na direção segura de Vázquez. Reentrâncias sob uma plataforma servem à perfeição como celas de um convento; o mezanino pode abrigar ora o júri em um julgamento, ora a plateia ruidosa na reconstituição de um crime; nem a escada que leva à saída é desprezada.




Preste atenção...... na brincadeira de mãos entre as irmãs Justine e Juliette (Andressa Cabral e Erika Forlim). É muito pertinente a apropriação de um jogo infantil para dar leveza à narrativa da gênese das personagens
.... no olho no criado (Robson Catalunha) que "testa" a virgindade de Juliette quando ela pede abrigo num bordel. Concebido e interpretado de forma não realista, entre o grotesco e o cômico, é figura de aparição relâmpago, mas inesquecível
....na "fila" que se forma no cabaré, com a entrada em atividade da "virgem" Juliette. No bordel, seu olhar será atraído pelas cenas que ocorrem numa cabine vermelha, mas não deixe de observar essa "fila". É um dos bons momentos, entre outros, como nas cenas de julgamento, em que o "coro" torna-se extremamente expressivo graças à criatividade com que se estrutura sua atuação
....no nome do patrão sovina de Justine, clara citação de Sade ao protagonista Harpagon da peça O Avarento, de Molière. Referência que não passou despercebida ao diretor e aos atores. Em todas as cenas do casal de sovinas (Ruy Andrade e Gisa Gutevil), a linguagem, dos figurinos às interpretações, remete à estética à Commedia Dell"Arte, fonte de inspiração de Molière....no recurso simples, uma touca de pano, cuja utilização resulta num interessante efeito para expressar a forma como Justine, já apelidada Sophie, é obrigada a de desdobrar para dar conta do trabalho excessivo na casa do patrão sovina
....no uso de um recurso de humor ingênuo para alcançar um resultado cortantemente irônico. Tal comicidade se dá na relação entre Justine/Sophie e seu "salvador", o Sr. Bressac (Henrique Mello), quando ele lhe leva de volta ao bosque onde a encontrara.