quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Justine

"Se é verdade que a literatura descreve aquilo que a filosofia conceitua, Justine ou os infortúnios da virtude não escapa a esta afirmação e, mais, explicita de forma fiel a relação de Marquês de Sade com sua filosofia. Escrita em 1788, quando o Marquês já estava preso há cinco anos na Bastilha e um ano antes de ser transferido para Charenton, esta obra, como quase tudo escrito por Sade, revela suas idéias sobre a política, a igreja, o amor, a Providência Divina e o sexo aos olhos do materialismo a partir dos mais bizarros e infelizes desencontros na vida de uma jovem devota que abre mão de seguir sua irmã ao tornar-se órfã de pai e mãe. Julieta aventurou-se pelos caminhos da má conduta ao prazer de ser livre com o intuito de ser uma grande dama portadora de grande riqueza. Conseguiu, mesmo que para isto tenha se utilizado de subterfúgios, tais como: crime, roubo, mentira, prostituição entre outros modos de vida descritos nas obras de Marquês de Sade. Enquanto isto, Justine, ao contrário de Julieta, dotada das mais belas virtudes, cairia nas mais ardis situações que colocariam à prova sua crença na Providência e na bondade dos homens. Em momento algum abandonou o caminho do bem. Duas irmãs separadas pela vida e pelo temperamento encontram-se anos mais tarde, uma rica e a outra sendo condenada ao cadafalso. Como afirma Sade, é pela aprendizagem mais vergonhosa e mais dura é que estas senhoritas abrem seu caminho."



post Raíssa Peniche

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